quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Aos Indignados

       Todos, hoje em dia, conhecem os tão famosos “Indignados” e o seu já tão célebre movimento. Tenho acompanhado pelas notícias esta indignação desde as suas primeiras manifestações, pela capital espanhola. E, pelo que tenho visto, os fundamentos em que estes jovens se baseiam são, mais ou menos, estes: por serem jovens recém-formados, têm direito a ter trabalho na sua área, naquela para a qual se formaram; também não têm culpa da crise mundial que se vem instalando nos últimos anos, por isso, o emprego que lhes é, por direito, devido (reparem no meu uso da palavra “emprego”), deve aparecer.



Eu concordo que as pessoas, após se formarem numa determinada área específica, devem trabalhar nessa área. Aliás, nem há principio que seja mais lógico para mim: se eu me graduei em determinado curso, se me esforcei para ser essa a minha educação, se os meus pais e o meu país fizeram um esforço financeiro para me poder formar nesse curso, não tem qualquer lógica que eu exerça outra profissão. Isso está completamente fora de questão e é totalmente absurdo.

Porém, é com muita surpresa (e bastante ironia) que vejo que estes “Indignados” se limitam a manifestar-se ao governo, culpabilizando-os da falta de emprego para eles (de novo, “emprego”). Não quero com isto aliviar o governo atual de eventuais culpas que tenha, do mau serviço que parte dele possa prestar ao nosso Portugal, pois não tenho problemas em ser o primeiro a denunciar o que está mal e apoiar os que também o fazem. Mas o que me confunde é a falta de ação de cada um de nós (jovens) tomamos para mudar isso. Se os tempos são difíceis, não devemos ficar sentados no sofá, a ler o jornal, procurando oportunidades de emprego na nossa área. Devemos sujeitar-nos a outras condições, a outros trabalhos seja a lavar escadas ao fim de semana, seja num supermercado, ou num restaurante, a servir à mesa. Há sempre quem procura pessoas para trabalhar. Mas mesmo para trabalhar. Há não muito tempo, ouvi uma pessoa (cuja entidade não me recordo) dizer que as pessoas, hoje em dia, não procuram trabalho, procuram emprego. Trocado por miúdos, as pessoas querem entrar tarde, sair cedo e ganhar bem. Mas como tudo está, não são essas pessoas que os empregadores procuram. Não me refiro à escravatura, mas sim a aqueles que encaram o trabalho como tal. Procuram, sim, pessoas que fazem o trabalho porque tem de ser feito, independentemente da hora de saída. Não vêm como o fim do dia essa tal hora de saída, mas sim a última tarefa de que estão encarregadas. 

  Por outro lado, as pessoas também não se querem sujeitar a que o seu primeiro trabalho seja fora da sua área de formação. Está esquecida essa capacidade de sacrifício que as pessoas tinham (e na minha opinião, devem ter) para entrar no mundo laboral. Quantos professores com vinte anos de carreira, não tiveram, como primeiro emprego, que trabalhar numa fábrica ou num café? Só eu, que ainda sou jovem e não sei nada disto, conheço alguns. Quantos gestores de empresas que, para entrar nas empresas que hoje gerem, foram trabalhar na reposição de stocks, a trabalhar por turnos? Ou no atendimento ao público? Ou na produção? Também conheço uma mão cheia deles. Para chegarmos onde queremos chegar temos que engolir muitos sapos. Se custa? Tanto! Mas não custa também aos portugueses que cada vez recebem menos pagam mais, por erros dos que cá antes estiveram? Não são milagres, o que eles fazem? Reclamamos muito e fazemos muito pouco. Foi assim que fomos habituados a fazer. Mas porque não mudar? Se todos mudarmos um pouco, o país andará para a frente. Só assim o país sairá do buraco imundo onde se foi meter. Ghandi uma vez disse: “Be the change you want to see in the world”, ou seja, “Sê a diferença que queres ver no mundo”. E para mim é isso que aqui está em questão. Se reclamamos com a falta de emprego, vamos procurar todo o trabalho que houver ou criar o nosso próprio emprego. Se reclamamos com os problemas da nossa sociedade, vamos pensar em soluções. Se reclamamos com a falta de solidariedade, vamos fazer voluntariado. Se queremos ser artistas, mostremos ao mundo a nossa arte. Se queremos ser escritores, criemos um blog como este e mostremos a todos a nossa opinião e o nosso talento. Só depois de tentarmos tudo é que devemos parar. Porque alguém vai reparar em nós. Alguém vai ver o nosso valor e vai-nos querer dar a mão. Alguém vai dizer: “Este miúdo tem talento” ou “Esta miúda pode ir muito longe”.

     Nós somos jovens e somos portugueses, não há melhor combinação. Temos que avançar e ser mais a cada dia que passa. Não perder a esperança. A cada gesto que nós tomamos e a cada passo que nós damos em frente, é o país que avança, é Portugal que melhora. É este o meu manifesto, um manifesto contra a inércia. Mas não só de crítica feito, também cheio de esperança.


João Simões, 12ºC

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