Portugal, hoje em dia, ocupa um lugar
irrelevante entre as nações – não influencia nada, não tem nada a dizer sobre
nada e se não ficar bem calado sobre o seu próprio futuro, vem logo alguém em
nosso auxílio para nos ajudar a saber calar a boca. É um facto que se revela
bastante preocupante, particularmente para mim. Mas há que mudar esse estatuto,
esse papel inexistente que hoje desempenhamos. Temos de acreditar em nós mesmos
de que somos capazes de mudar tudo isso, quanto mais não seja pela enorme
relevância e capacidade que demonstrámos no passado.
É certo que não podemos atravessar o
globo e conquistar meio mundo, como dantes. Por várias razões, quer seja pelo
poder económico que não temos, quer seja pela atração tão pouco atrativa que os
nossos mercados provocam nos investidores.
No entanto, na atualidade, esse não é o
único caminho nem o melhor para voltarmos a inserir-nos a nós próprios no mapa.
Portugal pode, isso sim, usar as suas razões históricas para se catapultar de
novo nos valores que merece e no posto que lhe pertence. Mais concretamente, o
nosso país deve virar-se para as suas antigas colónias, sejam elas Moçambique,
Brasil ou Angola, e oferecer aquilo que esses países tanto querem: o seu
próprio desenvolvimento. É óbvio que isso traria benefícios tanto para as
“colónias” como para Portugal, pois poderia aumentar as nossas exportações e
possuir capitais em mercados que vêm revelando um potencial económico, no
mínimo, bastante interessante.
É, de facto, um importante passo no
longo e tempestuoso caminho para que a nossa posição seja retomada. Porém,
devemos relembrar com tanto ou mais afinco o outro prato da balança: as
importações têm obrigatoriamente de reduzir, e, na minha opinião, duma maneira
drástica. Quanto a este ponto que refiro, os mais atentos podem verificar que
nos últimos trimestres isso tem realmente acontecido. Aliás, não serão apenas
os mais atentos que repararão nisso, pois os nossos políticos pavoneiam-se
disso sempre que possível. E na minha opinião, não penso que o façam mal,
afinal estão a tentar fazer cumprir aquilo com que se comprometeram. Mas é
importante explicar que estas importações não diminuíram porque estamos a
consumir mais do que é nosso, como devia acontecer. As importações diminuíram
simplesmente porque se tem deixado de comprar, que seja ao estrangeiro, quer
seja a nós próprios. E é exatamente isso que deve mudar. Ou melhor, que tem de
mudar. Quando temos de consumir, que se consuma o que é nosso, desde tijolos
para uma construção, carne para comer ou na contratação de um profissional. É à
custa disso que as importações devem diminuir, e não devido à redução de
consumo.
Tudo isto é fundamental para que
Portugal se dê a (re)conhecer ao mundo e são estas os novos Descobrimentos que
temos de realizar, é esta a empresa que devemos levar a cabo. Mas não nos
esqueçamos do mais importante de tudo: a “Lusitana Gente”. Não nos devemos
preocupar apenas com os números sufocantes que essa Troika exige, mas sim com o
que forma esses números: as pessoas.
“Acordai
Acordai
Acordai
Homens que dormis
A embalar a dor
Dos silêncios vis
Vinde no clamor
Das almas viris
Arrancar a flor
Que dorme na raiz.”
“Acordai”, Fernando Lopes-Graça
João Simões, 12ºC
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